"Certa vez, de acordo com uma antiga lenda, veio um mensageiro de um Mundo distante para dar igualdade, irmandade e alegria às pessoas. A gente havia esquecido as suas canções desde há muito tempo. Elas permaneciam num estupor de ódio.
O mensageiro afastou a escuridão e as aglomerações, golpeou duramente as infecções e instituiu a alegria pelo trabalho. Sossegou o ódio e a espada do mensageiro permaneceu na parede. Mas tudo permaneceu em silêncio, e não souberam como começar a cantar.
Então o mensageiro reuniu as crianças pequenas, as conduziu e lhes disse: ‘Estas são suas flores, estes seus arroios, suas árvores. Ninguém nos seguiu. Vou descansar – e vocês encham-se de alegria.’
Ato seguinte, timidamente elas adentraram no bosque. No final, o menor de todos saiu ao prado e viu um raio de sol. Então uma cotovia amarela começou a gorjear. O pequenino a seguiu em seu canto, cantando quase sussurrando. E logo começou a cantar gozosamente, ‘O sol é nosso!’ As crianças, uma a uma, se reuniram no prado e um novo hino à Luz começou a ressoar.
O mensageiro disse: ‘Eis que o homem começou a cantar novamente. O tempo chegou!’ ”
Helena Roerich, F. C. Avatar, RJ