"Que vantagem têm os mentirosos? A de não serem acreditados quando dizem a verdade."
Aristóteles
Não gosto de mentiras e nem de falsidades, mas vivo rodeada delas. Me sinto mal quando sou feita de boba, quando sou enganada, ou quando descubro o que as pessoas estão fazendo "escondido", ou simplesmente quando algo aparentemente sem importância é ocultado...
Eu já fui tantas vezes traída, tantas vezes enganada... mas a dor da decepção é sempre a mesma...ainda dói, ainda me faz mal, principalmente quando descubro que por quem estou sendo enganada, ou que quem está me ocultando ou escondendo algo é alguém em quem eu confiava, em quem eu (ainda) acreditava ser amiga...
Me faz muito mal descobrir o quanto sou tola, o quanto sou ou fui inocente...me embrulha o estomago...é uma sensação horrível.
É preciso, nessas horas, respirar fundo e esperar que o tempo nos indique o momento certo para falar e então alinhar as ideias, usar a cabeça e esquecer o coração, dizer tudo o que se tem para dizer, não esquecer nenhuma ideia, nenhum pormenor, deixar tudo bem claro em cima da mesa para que não restem dúvidas e não duvidar nunca daquilo que estamos por fazer.
E mesmo que a voz trema por dentro, há que fazê-la sair firme e serena, e mesmo que se ouça o coração bater desordeiramente fora do peito é preciso domá-lo, acalmá-lo, ordenar-lhe que bata mais devagar e faça menos alarido, e esperar, esperar que ele obedeça, que se esqueça, apagar-lhe a memória... Pensar que o tempo está a nosso favor, que a vontade de mudar é sempre mais forte, que o destino e as circunstâncias se encarregarão de atenuar a nossa dor e de a transformar numa recordação tênue e fechada num passado sem retorno que teve o seu tempo e a sua época e que um dia também teve o seu fim.
Às vezes mais vale desistir do que insistir. No ar ficará para sempre a dúvida se fizemos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito. Somos outra vez donos da nossa vida e tudo é outra vez mais fácil, mais simples, mais leve, melhor...Até a próxima decepção...
Às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar sem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio, paz e sossego, sem dor, sem tristeza e sem medo... E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir, investir...Até se conformar e um dia então esquecer.
"E, afinal de contas, o que é uma mentira? / É apenas uma verdade mascarada."
George Lord Byron